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Um bairro onde as janelas simbolizavam poder

Belo Horizonte, final do século 19. As obras da nova capital de Minas Gerais já duram dois anos e estão em ritmo acelerado.

Engenheiros e outros membros da comissão responsáveis pela construção começam a dar forma ao município planejado.

O movimento na cidade cresce.

 

Mas uma dúvida surge: onde irão morar os funcionários públicos que vão chegar de Ouro Preto, antiga sede do Governo Estadual, para trabalhar nos gabinetes e autarquias?

A fim de resolver a questão, fica então decidido: a nova capital terá uma área específica para abrigar os servidores, cujos principais locais de trabalho ficam ali bem perto, na Praça da Liberdade.

Surge, assim, em 1896, o bairro Funcionários, com cerca de 200 residências construídas em lotes sorteados um ano antes.

 

No bairro, as casas receberam uma classificação, com uma escala que ia de A a F, que deixava claro o nível hierárquico de cada servidor.

Os imóveis de letra A foram destinados a funcionários de baixa graduação. Nas casas F, moravam diretores e desembargadores. O número de janelas acompanhava a mesma filosofia: quanto mais janelas na fachada, maior o status do servidor que ali residia.

Para facilitar a locomoção desses moradores, em 1902, a primeira linha de bonde de BH circulava pelo Funcionários e abrangia também o centro da cidade e a antiga região de Nossa Senhora da Boa Viagem.

Nas décadas de 20 e 30, o destaque foram as construções no estilo Art Nouveau, com formas irregulares, curvilíneas, delicadas, inspiradas em folhagens e flores.

Nos anos 40, as casas neocoloniais, com suas colunas imponentes, chegaram ao bairro. Nessa década, a fama da padaria Savassi cresceu e, com ela, o Funcionários testemunhou o crescimento do comércio e a intensificação do desenvolvimento econômico na capital.

 

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A partir da década de 80, os antigos casarões passaram a dar lugar a edifícios residenciais.

Atualmente, passados mais de um século de fundação, restam poucas daquelas casas com janelas virtuosas que presenciaram o nascimento de Belo Horizonte. Mas o bairro Funcionários, onde morou a elite do poder público mineiro, continua sendo sinônimo de requinte. Prova disso é que a região possui, ainda hoje, um dos metros quadrados mais caros de Belo Horizonte.

Dados demográficos
– Área: 194.33 hectares
– População: 18.157 (sendo quase 11 mil mulheres)
– 1.630 domicílios possuem renda superior a 20 salários
– Número de estabelecimentos comerciais: 1.800
– Bairros vizinhos: Serra, Lourdes, Santa Efigênia, São Lucas, Cruzeiro, Sion, Mangabeiras.
– Vias importantes: Avenidas do Contorno, Cristóvão Colombo, Getúlio Vargas e Afonso Pena.

[RodUn]